segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Do(a)r


Dor não se escolhe
O que se escolhe é doar-se
E, na vida, os que se doam sentem dor,
Mas têm o privilégio de experimentar os demais sentimentos
Dor não se evita
Nela, quem se dá, gravita,
para ir a um lugar adiante.
Se o que dói é o coração pulsante
Melhor silenciar os lábios, erguer a cabeça, proteger-se num abraço.
Porque dor passa. Assim como a vida.
O que fica são as alegrias, e o que deixamos de nós.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Forças da natureza



Quero escrever em versos 
a agonia que é deixar-te longe dos olhos
e senti-lo apenas no coração

Mas as palavras faltam
a caneta falha
e a mente se movimenta em busca de ocupação

Amor é movimento
é carne na carne
aperto
vento e tempestade,
furacão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Aluna nota dez

Vivo entre o ser e o estar
Mas não rejeito parecer, permanecer e continuar
Quero tudo: o português, a matemática, a história, a química e a física...

Nisso há poesia,
tanto quanto na ruptura.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Eu confesso!

Já dormi com você em meus braços e acordei sobressaltada.
Já passei uma noite inteirinha em claro tentando descobrir o botãozinho que podia apertar para você finalmente dormir.
Já me vi calma em situações limite porque não queria te assustar,
e quis voltar para casa, desmarcar todos os meus compromissos só porque você relutou em entrar na escola.
Já me desesperei por não saber o porquê do choro, e me esforcei para ser o motivo do riso só para te ver feliz.
Ja me peguei engatinhando pela casa, me largando no chão, dançando como uma doidinha, rindo de me escangalhar.
É tanta, mas tanta felicidade a transbordar que já não conheço os limites de mim.
Aos poucos reaprendo a contar histórias, a me espantar, a reconhecer que ainda há muito a aprender e alguma coisa a ensinar.
Como pode ser leve a vida. Basta ver outra vida nova e fresca para se surpreender.

domingo, 13 de maio de 2012

Presente

E na sucessão dos anos
Vão-se formando novos ciclos...

E a vida, que nasce de um núcleo,
Espalha-se como as sementes de uma flor

É este o sentido da vida:
espalhar-se, espantar-se,
ir além de si,
dar a vida a alguém.
...E a felicidade, se for possível!
Feliz Dia das Mães!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Aos meus livros

Dá-me das palavras o que me faz sair do chão,
vencer a monotonia,
querer mais da vida,
flutuar!

Dá-me aquilo que se transforma em luz,
que me afasta da mediocridade,
eleva o pensamento.

Não quero nada além do essencial elemento de transgressão,
que faz os olhos revirarem,
e a mente rodopiar.

Tira-me da agonia dos dias,
dos textos arrastados, enfadonhos, das frases sem informação,
das sentenças que escravizam o texto, e das correntes que o afundam.

Dá-me das palavras o que me define
o ritmo certo para respirar entre as frases,
e o volume ideal para soar perfeita aos seus ouvidos.

Tenho pressa. Falta-me tempo. É para já!

terça-feira, 17 de abril de 2012

À procura do sentido

Vontade de sair do chão
Será possível somente com a imaginação?
Vontade de largar o corpo,
sublimar a alma
Será possível somente ficando calma?

Respiro, transcendo, mas continuo vendo
E diante de tanto movimento
Minhas mãos congelam
As pernas não sustentam
Meu peito aperta

Oh coração, onde estás? Ensurdeceu?
Cadê você?
Oh coração, guia e senhor dos dias: cadê eu?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Esquina

O poeta foi à esquina
E de lá tirou o poema.
Não sei se estava frio,
Nem tampouco o endereço,
Mas senti em suas palavras
O peso do caminhar,
O vento no rosto,
A ansiedade do encontro,
A felicidade!

Ai como seria mais fácil
Se o bairro fosse o coração,
A esquina o lugar do encontro,
A curva a revolução.
E o poeta um amigo do peito,
Daqueles com que a gente pode contar.

Mas o poeta é instável.
Quanto menos se espera,
Muda de estação.

Não tem esquina,
Não tem emoção,
Nem sorrisos.

Ao longe ouço apenas as passadas apressadas
Deste poeta. Ei! Para! Eu grito!
Mas ele não ouve. E fecha o portão!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Certeza

Só pode ser amor
este sentimento
que remexe por dentro
e faz pedir sempre mais
do corpo e da alma

Só pode ser de amor
esta expressão leve
o esforço que não dói no corpo
e que alimenta a alma de magia
  
Só pode ser do amor
este encantamento
o extase do momento
o entregar-se sem medir o depois

Só pode ser o amor
esta correnteza tão forte
que arrasta pilares cravados
que mina certezas absolutas
que faz cair de joelhos
a pedir mais uma vida

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tenha um filho!

Ser mãe exige uma dedicação extremada, um amor visceral, uma disposição plena. O que você recebe de volta é a possibilidade de, ao menos por um instante, se tornar eterna diante de um tempo cada vez mais implacável. Quem guardará sua história e a escreverá a partir de você? Só um filho tem o poder de fazer isso. Por isso a necessidade de termos um coração e uma razão a nos guiar. Filho é feito de um material tão frágil, que tudo o que fazemos pode ser impresso de forma indelével neles. Eles nos refletem e nos contrastam; nos inspiram e nos escravizam; nos prendem e nos libertam; e nos fazem experimentar o limite de todos os sentimentos de uma cartela que sequer supomos existir.

Pelo menos, até ele começar a terapia e ao analisar a vida pensar que no fundo todas as suas dúvidas e faltas são culpa da mãe. Alguns filhos não se recuperam nunca mais deste trauma. Outros descobrem que isso não importa, afinal a vida é mesmo deles e, sendo você ou não a culpada (às vezes o pai também é incluído na conta), ele vai ter que superar e sobreviver a isso.

Se um filho está doente, não existe uma cápsula onde você possa se esconder. É a você que ele chama. Se está com fome, ou de mau humor, ou cansado, ou chateado porque recebeu um não, é para você que ele vai fazer um biquinho tão irresistível que por um momento você vai desejar ser uma super mulher para defendê-lo de todo o mal.

É tudo tão rápido... Da surpresa de gerar à dor de trazer ao mundo passam-se apenas algumas semanas. Da exaustão dos primeiros dias à sucessão de estréias do bebê no mundo é um piscar de olhos. Do retorno se está fazendo a coisa certa ao sorriso ou às lágrimas, segundos.

E, ainda sim, e por tudo isso que eu recomendo: tenha um filho. Vindo ou não da sua barriga, dedique-se a esta obra. Ela é tão importante quanto o emprego, o estudo, o que fazemos de nós. Esta experiência nos projeta para fora de nosso umbigo e nos lança a um universo de dúvidas. Dúvidas sem as quais a vida não teria a menor graça...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Antes de dormir

Lembro, fico, esquento
Preciso de remédio
Da salada
Do tédio
Para reluzir...

O grito

Creio, cria, credo!
Esperneio, ira, medro.
Mas no final da tudo certo.
E, com coragem, desperto,
para um novo fim.