quarta-feira, 21 de março de 2012

Esquina

O poeta foi à esquina
E de lá tirou o poema.
Não sei se estava frio,
Nem tampouco o endereço,
Mas senti em suas palavras
O peso do caminhar,
O vento no rosto,
A ansiedade do encontro,
A felicidade!

Ai como seria mais fácil
Se o bairro fosse o coração,
A esquina o lugar do encontro,
A curva a revolução.
E o poeta um amigo do peito,
Daqueles com que a gente pode contar.

Mas o poeta é instável.
Quanto menos se espera,
Muda de estação.

Não tem esquina,
Não tem emoção,
Nem sorrisos.

Ao longe ouço apenas as passadas apressadas
Deste poeta. Ei! Para! Eu grito!
Mas ele não ouve. E fecha o portão!