Ontem lembrei que não mais escrevia
Passei a viver a simplicidade dos dias
Acordar, comer, dormir, andar
Não necessariamente nesta ordem
Percebi também que precisava das palavras
Respirava letras para me alimentar
Mas tão só estava,
que elas me faltavam como o ar
Num desespero calmo peguei a caneta com saudades
Ainda trêmula senti o pensamento me tomar as mãos
E me guiar
Elas estavam ali, nunca se afastaram
Mas silenciavam para me testar
Convenci-me, então,
que escrever é o meio
de ser inteira, intensa e anseio
de ter poder sobre o que sinto
de guardar os pensamentos que me fogem
de alcançar os destinos que se foram
sem deixar nenhuma pista aos meus pés
É uma sina que se cumpre determinada
A não querer de mim
Mais do que tudo
E menos do que nada